sexta-feira, 5 de março de 2010

O filósofo, o paradoxo e a inspiração


A algum tempo enquanto eu "surfava" nas ondas virtuais da grande rede. Eu procurava uma frase, pensamento, surto de loucura ou qualquer coisa que pudesse me inspirar. Pois bem o que eu achei foi mais um daqueles infames cartazes motivacionais. Nele estava escrito o paradoxo de um filósofo grego do período helenístico, Epicuro de Samos. Esse paradoxo dizia:

Deus quer prevenir o mal, mas não consegue?
Então ele não é omnipotente.
Ele consegue, mas não quer?
Então ele é malevolente.
Ele quer e ele consegue?
Então porque o mal acontece?
Ele não quer e não consegue?
Então porque chamá-lo de Deus?

-Epicuro

Bem, eu decidi postar isso aqui no blog não simplesmente porque eu achei interessante(já seria um bom motivo^^), mas eu decidi postar aqui, pois esse paradoxo me inspirou em alguns pontos da história do conto que eu estou postando aqui Johnnie Walker. É importante reiterar que não prego contra ou a favor de NENHUMA religião ou credo. Eu respeito a todas igualmente, porém esse pensamento tem um sentido bem amplo, de auto-avaliação mesmo, é legal analisa-la e refletir um pouco.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Johnnie Walker: Sangue, Balas e Uísque. - CAPT. X



La casa de Procrusto


"Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã." É um conto seriado de JP, publicado mensalmente aqui no Blog Contos Infindáveis. Perdeu o início? SIGA AQUI!


A noite se aproxima. Encima de seu cavalo um forasteiro viaja em direção do horizonte. Perdido e sem rumo ele vaga, ele só quer uma coisa: Uma boa noite de descanso. A noite cai e ele finalmente avista um casebre não muito distante de onde ele estava. Depois de alguns minutos ele chega ao casebre, que se revela sendo na verdade uma pequena hospedaria. A hospedaria era simples devia ter no máximo quatro. Havia na sua fachada uma placa dizendo: “Sejam bem vindos à hospedaria, La casa de Procrusto”.
O forasteiro entrou por um pequeno portão de madeira, atravessou um caminho feito de pedras e finalmente chegou á porta da hospedaria onde bateu três vezes na porta.
O forasteiro era um homem calejado na vida, e por isso havia se tornado muito desconfiado de tudo. Por debaixo de seu velho poncho cinzento ele mantinha seu revolver pronto para ser usado. Depois de alguns instantes ele ouve passos dentro da casa e depois ouve o barulho das fechaduras sendo abertas. Quando a porta se abre um velho homem de origem mexicana abre a porta. Ele vestia roupas tão velhas, surradas e encardidas que quase não se percebia que eram brancas. Ele tinha um rosto redondo cheio de marcas de expressão, e um olhar cansado:
- Hola señor, cómo puedo ayudarle?
- Eu quero um quarto, e algo pra comer. – respondeu o forasteiro.
- Sim, sim. Que maravilha, á tempos que não temos hóspedes aqui, entre meu senhor. Deixe que eu o ajude com suas coisas meu senhor. – disse o dono da hopedaria, enquanto pegava as coisas de Johnnie que estavam sobre seu cavalo.
- Onde posso deixa-lo? – perguntou Johnnie apontando para o seu cavalo.
- Eu o levarei para o estábulo.
Dentro da hospedaria o forasteiro viu uma pequena sala de estar com um sofá de madeira, duas poltronas velhas e uma mesinha de centro de madeira, meio apodrecida. O local era cheio de mofo e de teias de aranha. “Pelo menos não deve ser cara a estadia...” pensou ele. O senhor mexicano se dirigiu pra trás de um balcão e fazia sinais para que o seguisse. Então ele disse:
- Todos os quartos estão vagos... Então eu vou lhe dar o nosso melhor quarto, ele tem uma janela que da pros fundos do terreno, o senhor vai adorar. Você só tem que me dizer o seu nome pra eu colocar aqui no livro de registro.Mais então meu senhor qual o seu nome mesmo?
- Walker, John.
- Hum... Prontinho senhor. Tome a sua chave, agora assine aqui por gentileza.
O velho pegou as coisas de Johnnie e guiou até o quarto. Depois saiu dizendo que ia pegar algo pra que ele pudesse comer. Ele entrou no quarto, colocou suas coisas sobre uma cômoda que ficava no canto do quarto, e se deitou na cama. Após alguns minutos alguém bate na porta.
- Sou eu Procrusto, eu trouxe seu jantar, senhor. - disse o dono da hospedagem.
Johnnie abriu a porta e pegou a bandeija. Devorou a comida em poucos minutos, depois trancou a porta do quarto, deitou na cama e acabou pegando no sono.
- Acorda! Ei moço, vamos brincar. Acorda! – dizia um menininho, enquanto sacudia a Johnnie.
- Hey, quem é você rapazinho? Como você conseguiu entrar aqui? – perguntou o ainda sonolento Johnnie.
- A porta tava aberta – disse apontando para a porta, que realmente estava aberta para espanto de pistolerio, que se perguntou:
- Como é possivel, eu tranquei essa porta?
Ele se sentou na cama, e passou as mãos no rosto para dispertar. Quando ele olhou novamente para o quarto, o mesmo se encontrava vazio. O menino havia sumido sem deixar rastros, a porta estava novamente fechada, assim como ele a tinha deixado antes de dormir. Ele ficou algum tempo acordado tentando entender o que havia acontecido, até que se convenceu de que devia ter sido um sonho, e acabou pegando no sono novamente.
Na manhã seguinte Johnnie se levantou cedo, havia dormido mal, porém tinha que seguir viajem. Ele arrumou todas as suas coisas, e foi para a recepção da hospedaria. Procrusto estava sentando lendo um velho livro, e tomando uma xícara de café, quando Johnnie entrou na sala, o dono da hospedaria levantou-se e foi falar com ele:
- Dormiu bem Sr, Walker?
- Sim... Me diga, por acaso você não tem um filho, ou sobrinho que more aqui com você? – indagou Johnnie
- A não meu senhor, o destino não quis me dar essa felicidade... a minha falecida esposa não me deu filhos – respondeu Procrusto
- Me desculpe, eu não...
- Ah, não tem problema, eu gosto de lembrar-me dela. – interrompeu Procrusto. - Mas porque a pergunta?
- Ahm, não é nada. Só tive um sonho estranho, nada serio. – respondeu Johnnie.
- Mas então, o senhor vai tomar café da manhã? – perguntou Procrusto.
- Sim, e logo depois eu vou partir.
Ele e o dono da pousada tomaram café juntos na sala. Johnnie ficou a maior parte do tempo calado, as vezes o dono da pousada comentava uma ou outra coisa sobre o livro que lia, A lenda de Perseu, segundo ele contava a história do filho de um deus, que havia enfrentando bestas, demônios e gigantes. Enquanto discursava sobre a importancia dos livros a um homem, Procrusto também comentou um pouco sobre sua vida:
- Minha época de universidade foi mágica, lá conheci as mentes mais brilhantes e as coisas mais espetaculares. Lá foi também o lugar onde conheci minha esposa.
- Hum, eu não tenho hábitos de leitura, na verdade nem cheguei a terminar os estudos. – respondeu Johnnie
- Ham, mas a vida de um viajante como você também é cheia de magia.
Depois de tomar café da manhã Johnnie foi ao estábulo, onde o seu cavalo estava. Procrusto resolveu acompanha-lo, quando estava se aproximando do estábulo Johnnie viu o mesmo menino da noite anterior sair correndo, rindo de dentro do estábulo. Ele tentou alcança-lo só que o garoto era bastante rápido, e quando ele passou por uma árvore seca, que tinha no quintal, ele acabou desaparecendo misteriosamente denovo. Quando ele voltou ao estábulo viu Procrusto parado enfrente ao estábulo. Procrusto apartava o seu velho chapéu junto ao peito, sua expressão era de espanto. Johnnie se aproximou dele e perguntou:
- O que houve velho?
- Dios myo! Não venha até aqui Sr. – respondeu ele.
Contrariando os conselhos do velho homem, ele entrou no estábulo. Lá viu o seu cavalo morto. O animal havia sido decapitado, do seu lado tinha uma foice ensanguentada, havia sangue por toda a parte
- Como aquele maldito moleque foi capaz de fazer isso?! –gritou Johnnie
- Que niño senhor? Não vi nenhum!
- Oras que menino?! È aquele que eu acabei de perseguir, aqueles vimos saindo da qui de dentro correndo!
- Desculpe senhor, mas não vi menino nenhum, só vi o senhor correndo igual a um louco. – disse Procrusto, que continuou. – provavelmente isso foi uma brincadiera muito sem graça de algum vizinho, ou andarilho.
- Maldição! – exclamou o furioso John, que acertou um murro numa coluna de madeira.
Ele também teve outra surpresa, numa meia-parede de madeira, desenhado com sangue, uma gravura estranha. Uma fita entrelaçada. Ele não compreendeu oque significava aquilo.
Johnnie e Procrusto limparam o local, e depois incineraram o corpo do animal morto. Mais tarde enquanto almoçavam, Procrusto disse a Johnnie que se sentia culpado por aquilo, já que o ocorrido se sucedeu em sua hospedagem, e ele não iria cobrar a estadia dele ali até o dia em que a diligência passasse, o que deveria acontecer em dois ou três dias. O resto do dia passou de forma comum, depois de passar a tarde ajudando a Procrusto a cortar lenha, Johnnie tomou um banho, jantou e foi se deitar cedo.
Já de madrugada ele acordou com um barulho, era o misterioso garoto de outrora, que batia á sua janela. Ele já começava acreditar que o menino era apenas fruto de sua imaginação, porém, mesmo assim ele não poderia ignora-lo.
Johnnie se levantou da sua cama, pegou suas duas colt Dragoon encima de uma pequena estante que ficava do lado da cama. Ele já estava convencido de que se aquele garoto era de fato real, então ele era muito perigoso, talvez fosse o próprio filho do demônio. Ele se aproximou da janela com uma arma em punho, e a abriu, nesse instate o garoto saiu correndo, Johnnie soltou um praguejo: “Filho da puta!” , e pulou a janela para seguí-lo. O garoto correu envolta da casa, e o pistoleiro o seguiu, até que chegaram a um alçapão que ficava na lateral da casa, o alçapão era uma entrada que provavelmente dava acesso a um porão. As portas do alçapão tinham correntes enormes lacrando-as. O garoto estava parado, sentado ao lado dele. Quando Johnnie chegou lá percebeu que o menino chorava.
- Ei seu diabinho porque você fez aquilo a meu cavalo? – perguntou ele.
O garoto continuou chorando sem falar nada. Johnnie então se aproximou dele passou a mão na cabeça do garoto e perguntou:
- O que há com você filho? – Johnnie fazia isso sentido um frio na espinha, ele sabia que tudo isso era muito estranho. Esse garoto sumindo e aparecendo do nada concerteza não era algo desse mundo, pensava ele. Mas ele não sabia como agir, ele se sentia muito confuso, afinal era apenas um meninho chorando á sua frente. Ele se abaixou, afastou as mãos do rosto do garoto. Quando fez isso ele levou um susto o rosto do menino estava todo queimado e deformado, no lugar do olho direito havia apenas um buraco. O garoto pulou sobre Johnnie que caiu, o menino arranhava ele todo. O pitoleiro descarregou seu revolver no menino que parecia não sentir os tiros. O pequeno demônio arranhava e asfixiava Johnnie que lutava inutilmente contra ele. O tormento dele só acabou quando ele sentiu uma mão lhe sacudir o ombro, era o dono da hospedagem que dizia:
- Meu senhor, meu senhor oque houve?
- Ham, meu deus – disse ele ofegante. – o garoto, o maldito garoto virou um demônio e me atacou.
- Senhor não vi nenhum garoto! Você deve ter sonhado, venha comigo, vou lhe preparar um pouco de café forte.
- Eu quero é uma garrafa de uísque!
- Não meu senhor, você não vai beber mais hoje, pelo jeito você já bebeu até demais. – disse Procrusto.
Depois de algum tempo enquanto passava o café, Procrsuto fez algumas perguntas sobre o suposto espírito que atacara á Johnnie. Ele disse que iria esperar o café em seu quarto, segundo ele, estava cansado confuso e queria descansar um pouco. Quando ia para seu quarto Johnnie passou pela mesma estante de livros que ele passou outras três ou quatro vezes sempre que ia para o quarto, só que dessa vez ele percebeu algo diferente. Um dos muitos livros velhos e surrados, tinha um símbolo empresso na lombada. O símbolo era aquela fíta entrelaçada, que o menino provavelmente desenhou com o sangue do cavalo, no estábulo. Ele pegou o livro e o folheou-o. Ele estava escrito numa língua que ele desconhecia. O livro tinha gravuras estranhas. Imagens de sacrfícios, rituais bizarros, entre outras coisas medonhas Ele então pegou outros livros da estantes e práticamente todos estavam escritos numa língua desconhecida e tinham figuras medonhas, eram demônios, bestas, imagens que representavam estupros. Ele estava tão conentrado nos livros que nem percebeu a aproximação de alguém que disse:
-O que você está fazendo? – disse Procrusto, com um tom de reprovação na voz. Johnnie levou um susto e virou-se e respondeu:
- Há nada! É que eu passava por aqui e resolvi tomar a liberdade pegar um livro emprestado pra ler, você se importa?
- Claro que não, mas esse livros não são os mais adequados, são livros didáticos que eu usava na minha época de “homem da ciência” - disse forçando um risinho falso – mais se você quiser eu posso lhe emprestá esse aqui. È um otimo livro de poesias, certamente irá adora-lo.
- A se você diz então eu o lerei! – disse Johnnie enquanto deixava o livro que tinha em mãos na estante e pegava o livro de poesias que Procrusto lhe indicou. Quando ele ia embora para o seu quarto, com o livro e a xícara de café, o velho comentou:
- Sabe meu senhor. Interessante esse seu interesse repentino por livros, ontem mesmo você disse que não cultiva o hábito de leitura.
- É... nunca é tarde pra começar a fazer coisas boas não é mesmo? Respondeu Johnnie com uma certa ironia. – Se o senhor não importa eu vou para o meu quarto.
- Senhor mais uma coisa!
- Sim diga. – respondeu o pistoleiro
- Não vai mais acorda pra perseguir meninos imaginários hoje, certo? – disse sorrindo Procrusto.
- Há-há-há... Pode se certificar que hoje só irei dormir! – respondeu ele bem humorado.
Apesar do clima “diplomático”, tanto Johnnie, quanto Procrusto não conseguiram esconder suas desconfianças

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã. - CAPT. IX



"Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã." É um conto seriado de JP, publicado todas as quintas-ferias aqui no Blog Contos Infindáveis. Perdeu o início? SIGA AQUI!

Uma dose de Uísque

Depois de cerca de 50 minutos de viajem, a carroça para. Kisum desce e manda que Johnnie faça o mesmo, ela o ajuda e disse pra ele esperar ali enquanto ela ia ver se Abayomi realmente estava ali. Antes dela se embrenhar no meio do mato ele fez uma pergunta:
- Como você sabe que ela ta aqui?
- Kisum sabe por que aqui era nossa casa. -, dito isso a velha entrou no meio do mato, 10 minutos depois ela voltou e disse:
- Vem pistoleiro, Abayomi ta aqui, ela quer lhe ver pela ultima vez.
- Ultima vez? O que você quer dizer com isso velha? -, perguntou inutilmente Johnnie, já que Kisum não respondeu somente as costas a ele, ele não perguntou mais nada. Depois de quatro ou cinco minutos, eles chegaram ao que parecia uma gruta, na frente da gruta tinha uma fogueira. Deitada sob um coberto ensanguentado estava Abayomi, Johnnie quando a viu ferida correu até ela, ele já nem sentia mais as dores de seus ferimentos na perna, ele só queria o que havia acontecido a ela. Ela que estava dormindo acordou com o barulho feito por eles quando chegaram, e disse:
- A John, você veio... Eu queria tanto lhe agradecer, e te dizer que te amo... - disse Abayomi com uma voz fraca porém serena.
- Agradecer? Mais agradecer pelo o que? – perguntou ele
- Abayomi é minha irmã mais velha, e ela estava sofrendo há muitos anos... Mas graças você... O que você fez hoje, ela foi liberta da maldição. – contou a velha Kisum.
- Meu amor, você tem que entender que coisas estranhas me cercam, e que o mundo é mais do que você pode enxergar há... Enfim... A nossa historia começa a mais de 50 anos, quando a cidade ainda não existia aqui, eu e minha irmãzinha – nesse momento Abayomi parou para recuperar fôlego, e continuo – eu e Kisum vivíamos aqui Éramos sós nós duas. Nossos pais morreram quando Kisum era muito pequena por isso eu cuidava dela. A nossa vida era tranqüila. Eu dedicava os meus dias ao trabalho na terra, e ao culto da deusa das florestas. Ela não nos deixava faltar nada, porém um dia nossa paz foi interrompida – Abayomi parou novamente para juntar forças – Um grupo de colonos veio pra cá, eles primeiro disseram que não iriam interferir com nossas vidas, mais eles passaram a cerca minha irmãzinha que tinha apenas quatorze anos, John ela era uma criança... E... Eles a estupraram... – Abayomi e Kisum choravam, frente a lembranças tão tristes - Eu fiquei cheia de ódio e sede de vingança, e eu acabei fazer algo que eu não me arrependo, porém também não me orgulho. Eu invoquei os espíritos da floresta e fiz um pacto, selado com sangue... Eles me deram o seu poder, o poder para conseguir me vingar, mas esse poder não é algo que você possa pegar e depois devolve, é sem volta, eu me tornaria para sempre meio mulher, meio besta, até o fim de meus tempos aqui na terra...
- Essa história, ela é tão inacreditável... E tudo isso parece loucura, por que o que você ta me querendo dizer é que você era aquela besta... Eu não sei se acredito.
Abayomi deu um leve sorriso, e disse calmamente enquanto levantava o coberto:
- Olhe por si mesmo então meu amado. – O que Johnnie viu o deixou perturbado. Da altura do busto para baixo ela ainda mantinha a sua forma bestial. Os olhos de Johnnie se encheram de lagrimas e ele começou a pedir perdão a ela por ter atirado nela.
- Não meu lindo, não se sinta culpado você me deu a liberdade... Eu somente poderia morrer pelas mãos do homem que me possuísse, em corpo e em pensamento... Desde o primeiro dia que te vi, eu me apaixonei por você... Eu soube que eu tinha sido predestinada pelos deuses... A ser sua... – disse em meio a lagrimas a infeliz mulher-besta.
Naquela noite ele permaneceu ao lado dela ate seu ultimo suspiro, e com um beijo e seus lábios se despediu daquela mulher que tanto o amou.
Quando ela morreu Johnnie pegou uma pá que havia na carroça e cavou uma cova para enterrar Abayomi, que a essa altura já havia se transfigurado por completo em sua forma humana. Ele também pediu a Kisum que fosse a fazenda e pegasse tudo que era dele e devolvesse o adiantamento que ele havia recebido do Sr. Marshal, ficando apenas com a quantia equivalente a seus dias de serviço. Ele não conseguiria ficar ali depois de tudo que havia acontecido. Uma batalha muito difícil chegava, e ele só queria uma boa garrafa de Uísque pra poder esquece da dor da perda daquilo que ele teve por tão pouco tempo, tão pouco tempo que ele nem teve tempo de amar enquanto teve.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã. - CAPT. VIII





"Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã." É um conto seriado de JP, publicado todas as quintas-ferias aqui no Blog Contos Infindáveis. Perdeu o início? SIGA AQUI!

A visita inesperada


Johnnie ficou paralisado por alguns instantes. Novamente estava ele, frente-a-frente com aquela criatura sedenta de sangue. Somente com olhar ela era capaz de fazer o mais valente dos homens apavorar-se. Os segundos que Johnnie ficou sem ação se arrastaram como se fossem uma eternidade, até que ele conseguiu recobrar a consciência e sacando suas duas recém adquiridas colt Dragoons, disparou contra a besta, mas dessa vez, os tiros atingiram e feriram a besta que caiu no chão indefesa. Johnnie havia acertado dois tiros no abdómen da criatura e três no peito dela. Ela jazia agonizando no chão.
Ele havia esperado por muito tempo por aquilo, ele iria finalmente matar aquela besta, isso o excitava muito. Ele sentia um poder enorme em suas mãos. Não era como assassinar homens comuns, dessa vez tinha algo a mais, e isso fazia Johnnie se sentir estranho, como se uma implacável sede por sangue quisesse dominá-lo.
Ele encara mais uma vez a besta. Percorre seu bizarro corpo com os olhos. Quando encara os olhos dela, ele sente como se ela fosse indefesa. Suas mãos começaram a suar, suas pernas tremiam. Ele sentia compaixão pela criatura. Ele não podia explicar porque ele não era capaz de eliminá-la. Era como tivesse por alguns segundos entrado em sintonia com ela, sentido o que ela tinha sentido, vivido o que ela vivia, visto o que ela via. Por isso não podia puxar o gatilho.
Johnnie passou a mão na testa suada, olhou novamente para os olhos da besta, que por algum motivo que ele desconhecia, permanecia ali, imóvel no chão, como se pedindo por clemência. Ele engatilhou sua arma. Quando finalmente toma coragem pra dar o golpe de misericórdia nela, Johnnie escuta uma gritaria. Eram os outros trabalhadores da fazenda. Eles vinham com lamparinas e rifles.
Alguns imaginavam que era um possível ataque dos capangas do prefeito Josch Phineas, outros nem ao menos sabiam o que faziam ali, foram acordados pelo capataz da fazenda, no meio da noite, avisando do tiroteio.
Johnnie se distraiu com a agitação. Esse momentâneo descuido dele foi a deixa para que a besta fugisse. Ele ainda deu alguns tiros em direção a escuridão da noite, mais de nada servirão. Logo em seguida chegaram os seus companheiros. Eles perguntavam a ele muitas coisas, como: “que tiroteio foi esse?”, ou “o que porra é esse corpo todo destroçado aqui?”.
Mesmo com tantas perguntas, sendo lhe sendo feitas, ele não conseguia irar seu foco de algo: “Por que ele não conseguiu dar cabo de vez da vida daquela besta? Por que ele hesitou pela primeira vez justamente contra ela?”. Essas e outras perguntas não lhe saiam da cabeça. Ele se sentou num canto escuro longe do tumulto, seu ferimento na perna voltara doer muito, provavelmente seus pontos abriram.
Ele guardou suas armas nos coldres, e se preparou para levantar e ir procurar auxílio, quando uma mãozinha frágil e enrugada segurou em seu ombro. Era uma velha índia, que ele já havia visto outras vezes ali na fazenda, e ele sabia que ela era parente de Abayomi, só não sabia ao certo qual o grau de parentesco.
A velha dizia a ele coisas que ele não conseguia entender, ela falava um dialeto que ele podia identificar como provavelmente sendo indígena, porém ele não compreendia nada. Até que ela fala em sua língua:
- Vem com Kisum, vem...
- Pra onde a senhora quer me levar?
- Num faz pergunta agora, e vem logo “com eu” – respondeu a velha, com um sotaque carregado.
Ela o pegou pelo braço e o arrastou até uma velha cabana que ficava um pouco afastado dali. No meio do trajeto um grupo de homens tentou interceptá-los, com a intenção de conseguir respostas com Johnnie sobre os acontecidos. Mas a velha Kisum, conseguia espantá-los, dizendo: “Sai daqui, deixa Kisum cuidar dele primeiro, num vê que ele ta ruim, depois você enche ele com pergunta”.
A verdade é que todos na fazenda, e até mesmo alguns fora dela tinham um pouco de medo da velha, que acreditavam ser uma feiticeira ou algo do gênero, e não queriam enfrenta a fúria dela, por isso eles resolveram não contrariá-la. Johnnie é claro não acreditava nisso.
Quando estavam se aproximando da cabana, Johnnie percebe que a velha não o estava levando para lá. Ela havia mudado de rumo, agora ela ia em direção a uma carroça que estava ao lado da cabana. Ela o ajudou a se acomodar, subiu na carroça e tomou os arreios. Johnnie que se manteve calado finalmente falou:
- Para onde você está me levando velha Kisum?
- Eu vou te levar até Abayomi, você não é namorado dela? – ele balançou a cabeça positivamente e perguntou:
- Onde ela está? E porque você ta me levando até ela?
- Eu não sei onde Abayomi ta, mais eu imagino onde pode ta, e eu vou te levar lá pra ela pode te agradecer.
Johnnie não havia entendido o que Kisum disse, porém achou melhor esperar para ver, pois certamente qualquer resposta que ela lhe desse iria deixá-lo mais confuso ainda

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã. - CAPT. VII


"Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã." É um conto seriado de JP, publicado todas as quintas-ferias aqui no Blog Contos Infindáveis. Perdeu o início? SIGA AQUI!

A disputa


Eram cerca de 3 da manhã quando Johnnie ouviu algum batendo em sua porta, ele se levantou, e como de costume com sua arma na mão, abriu a porta, e para sua surpresa quem ele viu foi a jovem índia Abayomi. Ela estava vestida com uma simples camisola além de um chále. Johnnie ainda sem entender o que ela fazia lá, perguntou:
- Senhorita, posso ajudá-la com algo?
- Na verdade, eu só queria velo, o senhor foi tão gentil comigo, eu pensei que. Você gostaria da minha companhia. – disse de forma meiga a linda índia
- Sim... – respondeu meio sem entender o que acontecia, e continuou – mais entre, entre, por favor.
Depois de um tempo conversando Johnnie deu um beijo inesperadamente nela, que retribuiu, e naquela noite fizeram sexo. Na manhã seguinte quando Abayomi saia do quarto de hóspedes da casa-grande, onde Johnnie estava, foi surpreendida por Billy. Billy era um homem já com seus 37 anos, grandalhão e um tanto quanto metido a valentão. Ele que cobiçava a jovem há muito tempo, ficou furioso quando a viu saindo do quarto de outro homem. Agarrou-a pelo braço e disse:
- Sua vagabunda, o que você fazia ae dentro?
- Me solte! Você não tem nada haver com isso! – disse a moça
- Você nunca quis nada comigo, mas com esse sujeitinho aí, sua piranha! – dito isso, Billy levantou a mão e quando ia dar um tapa no rosto da linda Abayomi, foi contido por Johnnie que tinha ouvido a confusão de dentro do quarto. Ele acertou um murro na cara do agressor de Abayomi, que caiu no chão. Nesse momento, o Sr. Marshal apareceu, e disse:
- O que significa isso?
- Esse maldito filhodaputa, queria bater nela! Esbravejou Johnnie, engatilhando seu revolver.
- Rapaz, contenha-se, lembre-se que você ainda está na minha casa. Explique-se Bill. – falou Sr. Marshal
- Essa vadia! Eu vi ela saindo do quarto desse bastardo. E o senhor se lembra que ela estava prometida para mim, pelo senhor. – disse Billy enquanto catava seus dentes no chão.
- Oh Billy, você sabe que eu disse que iria “ver o que podia fazer”, não prometi nada. – explicou pacientemente o Sr. Marshal. – Mas e agora, como irei resolver esse problem...
- Deixe- me matá-lo! – interrompeu Johnnie.
- Fique sossegado filho, temos um duplo problema aqui, você foi ofendido, e a moça foi agredida pelo Billy, porém você “roubou” a moça dele. Hum... Tenho uma idéia, vamo resolver isso de uma forma amigável, uma competição.
- Patrão, não me traia, mande matar esse vagabundo. – disse Billy.
- Calma aí filho, não to traindo ninguém, só quero ser justo. E, além disso, essa competição será útil, pra mim. Hoje amigos meus virão aqui e discutiremos, se eles vão ou não se aliar a mim, nessa peleja contra o maldito Josch Phineas.
- Mais que competição é essa? – perguntou Johnnie.
- Há-há-há, será um pega-pra-capar, sabe antigamente agente aqui da fazenda mandávamos os escravos jogarem isso. Agente vai dividir o Curral com uma linha traçada bem no meio, vamo acender uma pequena dinamite, perder quem tiver a dinamite detonada no seu campo, bem simples. Melhor que um duelo, ou algo assim, as chances de vocês morrerem é menorzinha. – disse gargalhando o Sr. Marshal.
- Mais o que agente ganha com isso patrão? – perguntou Billy
- Oras bolas Billy, é obvio quem ganhar fica com a índia pra ele, e outro... – Nesse momento Billy falou:
- Se eu ganhar eu também quero capar esse cachorro maldito, pra ele se lembrar de nunca mais comer a mulher de ninguém.
- Eu tenho escolha? – perguntou Johnnie
- Não! – disse rindo o Sr. Marshal
- E se eu me recusar? – Johnnie perguntou
- Rapaz, eu propuz isso para evitar uma matança, você sabe que aqui na fazenda todos os cowboys são amigos de Billy. Você estaria perdido se o assassinasse. – explicou o senhor Marshal.
- Eu aceito, de qualquer forma esse inútil não vai me ganhar, não ganharia nem se eu tiver com as mãos amarradas nas costas. Mas se eu ganhar eu não vou querer o pinto, desse viado escroto, eu vou querer essas duas colt “Dragoon”. – falou o confiante Johnnie
- Eu aceito, essas armas foram de meu pai, mas eu tenho certeza que vou te ganhar. – falou confiantemente Billy.
- Perfeito hoje teremos a disputa. – falou o Sr. Marshal, selando o acordo.
Mais tarde depois da reunião do Sr. Marshal, com seus futuros aliados, todos se dirigiram para fora da casa. Perto do curral sentado estava Johnnie, fumava um cigarro de palha. O Sr. Marshal havia preparado uma espécie de espetáculo. Billy estava parado perto da cerca encarando Johnnie, que foi até ele e disse:
- Hei, é melhor você deixar as minhas armas com o seu patrão. Não vou querer problemas pra pegá-las.
- Maldito vai pagar caro por isso, vou sorrir quando eu ver você virando um maldito capado.
- Veremos então seu cachorro. – Dizendo isso Johnnie foi para o meio do curral seguido por Billy.
Um velho cowboy foi até o acendeu a pequena dinamite com um grande pavio e a jogou no meio do curral. Johnnie e Billy correram para o meio, Johnnie tropeçou e caiu provavelmente por causa do ferimento de bala que ele havia tomado no dia anterior. Billy conseguiu pegar a dinamite e a lançou no lado de Johnnie. Ele por sua vez já havia conseguido se levantar, correu e com um salto pegou a dinamite e a arremessou do lado de Billy, quase fora dos limites do curral. Billy teve que correr muito depressa, saltou e conseguiu pegar a dinamite, que já estava com o seu pavio pela metade. Novamente Johnnie correu e saltou sobre a dinamite e a pegou. Porém dessa vez ele não a arremessou logo, ele caminhou mancando até o meio do “campo esportivo”. Todos se perguntavam o que aquele louco queria com aquilo.
- John, se livre logo disso, jogue logo no lado dele – gritou a índia Abayomi.
Johnnie calmamente olhou para a dinamite, viu que o seu pavio agora já estava perto do fim e arremessou o explosivo por cima de Billy, caindo atrás dele. Billy correu, e com um salto pegou a dinamite, mas não foi capaz de jogá-la de volta. A dinamite explodiu em sua mão, seu braço foi completamente esmigalhado, voando pedaços dele por todo o curral.Um grupo empregados da fazenda que assistiam a disputa foram ao encontro de Billy para socorrê-lo, o próprio Sr. Marshal ficou sem ação. Johnnie se aproximou que disse:
- Filho, isso foi incrível! Nunca vi ninguém com tamanho sangue-frio! Parabéns. – dizia o Sr. Marshal enquanto puxava um coro de palmas, que logo foi completo por todos os outros aristocratas que assistiram ao fato.
- Pare com isso, não sou um palhaço pra ficar entretendo vocês, só aceitei essa palhaça porque era o único jeito inteligente que eu vi para poder dar uma lição a aquele cachorro. – Falando isso Johnnie tomou das mãos do Sr. Marshal as armas que havia ganhado. E disse:
- Se não se importa, eu vou pro meu quarto, descansar.
Todos os outros fazendeiros ficaram impressionados coma frieza, habilidade e principalmente audácia do pistoleiro. Esse acontecimento ajudou aos planos do Sr. Marshal, pois todos resolveram apoiá-lo em seu plano de tomar o controle da cidade a força, já que o seu principal homem era um sujeito extraordinário.
Naquela noite passada toda a confusão Johnnie resolveu visita a Abayomi no dormitório dos empregos, que ficava na antiga senzala da fazenda. Quando Johnnie estava se aproximando dormitório, ouviu um homem gritando. Com dificuldade Johnnie correu para a direção dos gritos. Ele foi parar atrás dos estábulos, lá ele novamente se deparou com a besta que a cerca de um mês havia enfrentado. Ela devorava outro homem, um empregado da fazenda. Quando percebeu a presença de Johnnie ela se virou e o encarou fixamente.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã. - CAPT. VI


"Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã." É um conto seriado de JP, publicado todas as quintas-ferias aqui no Blog Contos Infindáveis. Perdeu o início? SIGA AQUI!


O Patrão




Johnnie estava sentado em uma mesa na varanda de um saloon quando viu o Sr. Marshal, o seu atual patrão sair de dentro da sede da prefeitura discutindo com Josch Phineas, o prefeito. Ele viu que o prefeito não estava sozinho, junto dele estavam outros dois homens. Prevendo que o seu contratante estivesse em apuros, ele se levantou rapidamente e foi para perto do grupo. Quando estava a cerca de 20 metros deles, ele constatou que eles realmente brigavam. Quando um dos dois capangas do prefeito sacou sua arma, Johnnie ágil, pegou sua colt e deu um tiro certeiro na testa dele. O outro fez menção de sacar seu revolver também, mas Johnnie foi mais rápido, e lhe deu dois tiros no peito. O Prefeito assustado correu para dentro da sede da prefeitura. O Sr. Marshal gritou:
- Horas meu velho amigo, não ta com medo do meu homem ta? Há-há-ha – achincalhou-o.
- Matt, se você pensa que tenho medo dele, pode ficar enganado, meus homens estão a caminho – dizia o prefeito tentando ganhar tempo.
Não demorou muito para que o Xerife Phil Simon apareça junto de Ralph, seu oficial. Johnnie sabia que aquilo não poderia terminar bem. O Xerife já foi dizendo:
- Rapaz! Você de novo? Em menos de um mês você me arranjou mais problemas!
- Não fale merda seu velho! – gritou Johnnie já se enfurecendo com o Xerife, e completou – Suma daqui maldito, você já esta me dando nos nervos com suas acusações! Isso é assunto do Sr. Marshal, não se meta.
- Rapaz fique sabendo que aqui em Sacramento EU sou a lei e teje pres... – O experiente Xerife mal pode terminar sua voz de prisão, Johnnie que estava com sua arma em mãos, deu um tiro no meio do peito. E disse:
- Então a lei aqui em Sacramento acaba de morrer!
Ralph que estava um pouco atrás do Xerife, no mesmo momento foi para perto dele socorrê-lo. O tiro foi certeiro, acertou bem encima do coração do Xerife, que morreu alguns instantes depois. Cego pelo ódio, Ralph começou a atirar em Johnnie, que empurrou o Sr. Marshal para trás de uma charrete que estava parada perto da prefeitura, e correspondeu a chuva de balas. Johnnie só tinha mais duas balas no tambor de seu revolver, e com o intuito de poder recarregar sua arma, se protegeu atrás da charrete também. Ele levou um tiro na perna quando tentava se proteger. Ralph se levantou e lentamente se dirigiu para perto da charrete também, ele não pensava em sua segurança, só queria vingança contra o homem, que havia matado seu tio. A essa altura Johnnie já havia recarregado sua arma. E quando o oficial estava se aproximando de onde ele estava John em um extinto insano, ele saltou na frente dele e fez três disparos que acertaram a ele na barriga e no peito, sendo fatais.
Johnnie se levantou, e mancando foi até o Sr. Marshal e disse:
- É melhor irmos embora agora, estou ferido e quase sem munição, não tardará até que outros venham.
- Tem razão rapaz, vamos embora, venha para minha casa para cuidarmos disso. – disso o Sr. Marshal.
- Mas terá alojamento pra mim na casa dos empregados? Você até estava pagando esse hotel para mim enquanto não se arrumasse vaga pra mim lá. Indagou Johnnie
- Rapaz, eu te contratei porque o Sr. Willian Madson, seu antigo empregador que é muito meu amigo lhe indicou, disse que você era incrível com uma arma na mão. E você fez jus aos elogios. Venha passará essa noite em minha casa, e lá lhe direi o real motivo de ter contratado você. – respondeu o Sr. Marshal, enquanto ajudava a Johnnie a subir em seu cavalo. E rumaram rapidamente para a fazenda dele.
A fazenda do Sr. Marshal era muito grande e próspera, a casa-grande era uma construção imponente. Johnnie foi levado para um quarto de hóspedes, o Sr. Marshal mandou que uma jovem índia que trabalhava na fazenda, como empregada, fosse até o quarto cuidar dos ferimentos de Johnnie. Ela era muito bela, tinha cintura fina, quadris largos, seio farto, era linda. Johnnie não escondeu o interesse nela, e os 15 minutos em que ela ficou lá cuidando dele ele não tirava os olhos dela, e apesar de muito tímida, ela era correspondia os olhares dele, até que ele disse:
- Me desculpe senhora, você veio aqui cuidar de mim, e eu nem ao menos me apresentei, meu nome é John Walker.
- O meu nome é Abayomi, e não se preocupe, geralmente nem as pessoas na otem a gentileza que você teve comigo. – disse a jovem índia sorrindo.
- De toda forma eu agi errado, não se deve ser tão mal-educado com uma dama – disse Johnnie tentando ser educado.
Abayomi sorriu e disse:
- Dama? Eu? Por favor, não fale besteiras, você é muito gentil, mais não fale mais isso, senão meu senhor irá se zangar comigo. Pensará que eu estou lhe dando confiança. Ele não gosta que seus homens se misturem com peles-vermelhas. A conversa dos dois foi interrompida, por uma velha negra que era criada na casa, ela trazia um recado do Sr. Marshal, ele queria que Johnnie fosse ao seu escritório, o mais rápido possível. Abayomi terminou os curativos e ele foi ao encontro de seu patrão.
Quando chegou lá ele também viu Billy, braço direito do Sr. Marshal. Johnnie se sentou numa cadeira enfrente a uma mesa, Billy se sentou ao seu lado. O chefe dos dois começou a falar:
- Serei sucinto filho, desde o fim da guerra civil que muitos dos fazendeiros dessa região estão se fudendo, muito faliram, e eu fui um dos poucos que conseguiu se manter, ae eu vi minha chance de conseguir aumentar minha fortuna, comecei a comprar as terras dos que tava na pior. O porém é que muitos não acham isso honesto, a verdade é que eu não pagava o valor corretor pelas propriedades... Mais isso não te interessa, o que lhe interessa é que eu arranjei muitos inimigos, um deles é o prefeito, outro era o Xerife, mais dese você já cuidou pra mim – disse ele rindo.
- Hum... O senhor sacaneou com todo mundo, e agora ta se cagando de medo que eles se vinguem, por isso mandou me contratar – disse audaciosamente Johnnie, e prosseguiu – E provavelmente você me pediu pra ficar quito na cidade, sem falar que era seu capanga pra poder pegar de surpresa aos putardos de azar que iriam tentar algo com você.
- Mais ou menos isso rapaz, mais o é fato é que você é incrível com uma arma na mão, e eu me cansei dessa merda, hoje mesmo mandei que Billy contratasse mais vinte homens que manejem uma arma, iremos declarar guerra a eles. – disse o Sr. Marshal.
- Okay, contato que me pague o valor combinado, e me disponibilize balas, está tudo certo, você pode declarar guerra até ao presidente ianque. – Dizendo isso Johnnie se retirou do escritório, ainda não estava recuperado, e queria descansar, mais ele mal sabia que isso não seria possível, pois naquela noite ele teria uma visita noturna inesperada.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mil Faces Capitulo V - O Duelo

Alvante, Alva e Satoshi conversavam preguiçosamente nos fundos do restaurante, era domingo pela manhã e o movimento era fraco. Contavam sobre histórias da vida e tentavam imaginar um possível passado de Satoshi, que não se lembrava de nada. Ouviu-se um grito que surgiu da cozinha e ricocheteou até a salinha dos fundos. Um homem gordo e sujo de óleo passava correndo pela cozinha esbarrando em tudo que ficava em sua frente.

- Madame Alvante! Soldados! Há soldados em todo o quarteirão! Eles querem vê-la...
- Tudo bem, diga que eu já vou... Vocês dois fiquem quietos ai, eu vou ver o que aquele louco do Delegado Houston quer... Quem ele pensa que é cercando meus clientes e armando toda essa confusão...!

Dizendo isso ela se levantou e foi até a frente da loja. Satoshi levantou-se e ficou imóvel ao lado da porta para tentar ouvir o que falavam. A garota também se aproximou mas por mais que tentassem não conseguiam ouvir nada, Satoshi então pensou em ir até a frente do restaurante saber o que estava acontecendo mas foi impedido pela garota.

- Eles provavelmente estão aqui por você, é melhor ficar quieto aqui, minha mãe cuidará de tudo...
- Se eles me querem, não vou simplesmente ficar aqui parado, vou enfrentá-los.
- Essa é a cidade com maior taxa de assaltos e assassinatos, você acha realmente que eles se esforçam para fazer um julgamento justo e digno? Eles te matariam antes mesmo de saber quem é, é assim que a cidade funciona... – disse isso e deixou escapar um leve riso irônico. Satoshi percebeu alguma coisa estranha e tocando o canto de sua boca percebeu que era diferente, parecia deformada. A garota recuou e disse:

- Bom, nem tudo pode ser perfeito não é? Eu nasci com uma parte do meu rosto paralisada, por causa disso nunca fui muito popular...
- Parece ser o destino de alguns terem marcas que nem o tempo pode tirar... – Disse isso com um sorriso sarcástico no rosto, brincando com a própria situação.

Alva tentava retirar a atenção de Satoshi com o que acontecia lá fora e começou a conversar sobre assuntos aleatórios.

- Sabe, meu nome é em homenagem a minha avó, que também se chamava Alva, ela era branca como a neve...

Mas ele parecia não dar tanta atenção, apenas olhou para ela e demonstrou um pequeno sorriso voltando a tentar escutar algo do lado de fora. Bem, não consigo escutar nada, vou lá fora ver o que está acontecendo para a Madame estar demorando tanto. Alva rapidamente agarrou seu braço tentando impedi-lo mas ele sem se virar disse:

- Vai ficar tudo bem, posso ser cego, mas tenho minhas habilidades.

Dizendo isso tomou de posse um longo cilindro de madeira que servia para escorar a porta do quartinho que eram armazenados os ingredientes dos pratos. Saiu tateando o chão, paredes e pessoas com sua bengala improvisada, pedindo desculpas quando acertava a perna de algum cozinheiro ou cliente. Chegou à porta e parecendo muito animado disse:

- Parece que se armou uma boa confusão aqui na frente, posso saber o porquê do ocorrido? – Se concentrou e percebeu que o rapaz que deu a noticia dos soldados aumentou um pouco a história, eram apenas o delegado e mais três guardas a frente do restaurante.
- Eu sou o Delegado Houston e você está preso.
- Posso saber sob qual acusação? – o rosto de Satoshi tornou-se sombrio.
- Invasão e furto da casa de um morador durante a noite.
- E como pode provar isso? Ou melhor, como eu poderia fazer isso? Caso não tenha percebido eu sou cego.
- O ferimento em seu braço, posso vê-lo?
- Naturalmente... – falando isso estendeu o braço para Madame Alvante, para que desenrolasse a atadura.
- Perfeitamente, o ferimento descrito pela vitima. Em seu depoimento ele disse que um homem com uma capa preta surgiu dentro de sua casa no meio de sua sala de estar pela madrugada e que ele tentou expulsa-lo com um vaso que pegou em sua mesa de centro, partindo-o e utilizando como arma de corte, disse que atingiu o invasor no braço esquerdo exatamente no centro. Preciso de mais provas que isso?

Satoshi ia retrucar a acusação mas foi impedido por Madame Alvante que disse :

- Delegado, o garoto mal consegue andar sem tropeçar, o corte em seu braço pode ser coincidência, não deve ser difícil para uma pessoa cega nessa cidade se machucar não acha?
- Coincidência ou não ele é suspeito do assalto e vou levá-lo comigo. Venha comigo agora, se reagir só vai piorar sua situação.
- Tudo bem... – Disse Satoshi que ao tentar dar um passo começou a se desequilibrar e no momento da queda inevitável lançou sua bengala para frente atingindo o queixo do Delegado que com a pancada foi ao chão. Os guardas imediatamente cercaram Satoshi que com um rápido movimento se abaixou e girou o bastão próximo de si derrubando os dois guardas que ficaram fora de seu campo de “visão” e logo após atingindo o guarda em sua frente com um forte ataque em seu estomago, que o derrubou. O delegado levantou-se rindo e disse:

- Então você gosta de brincar não é?
- Tem que se aproveitar cada momento da vida não acha?
-Claro Claro...

Houston deu um longo Assovio e apareceram cerca de vinte guardas dos becos próximos. “Talvez aquele rapaz não estivesse exagerando afinal...” pensou Satoshi.

- Acabou a brincadeira, melhor se entregar pra evitar que te machuquemos... muito...
- Sei que já fiz muitas coisas erradas na vida, e sei que um dia vou pagar por elas – Satoshi deu um longo suspiro como se o passado viesse a tona em sua mente – mas acredite delegado que esse dia não é hoje e não será você meu algoz.

Sacou sua espada oculta por seu sobretudo e sem esperar qualquer movimento dos guardas avançou ferozmente e antes que a primeira gota de sangue tocasse o chão, antes que o primeiro corpo sem vida chegasse ao seu futuro lar, dez homens jorravam o liquido da vida modificando drasticamente o cenário. O restante recuou e correram gritando que aquele não era um homem, era um demônio. Apenas Houston ficou imóvel frente e a frente com Satoshi.

- Até a morte? – Disse Houston
- Até o fim.- Retrucou Satoshi

Os dois lançaram-se com um fervor e uma sede de sangue comparável a beserks em uma linha de frente de uma batalha. Seus golpes de espadas eram tão fortes que quando o metal se tocava parecia o grito de uma Siren em um vasto deserto. A luta épica chamou a atenção dos moradores que começaram a se aglomerar próximos àqueles titãs. A perícia em combate era tamanha que não encontravam falhas em seus golpes e foi necessário que Satoshi deixasse ser atacado para ter a chance de acertá-lo. E assim foi feito, um golpe de raspão próximo ao pescoço, terminando com o revide de um golpe mais profundo também próximo ao pescoço do delegado. Alva que assistia a tudo percebeu que eles realmente poderiam se matar e resolveu impedi-los de fazer aquela loucura. Não se sabe no que ela pensou ou se ao menos pensou em algo antes de se atirar no meio daqueles dois homens ensandecidos que com a presença dela entre eles apenas recuaram um pouco e com uma rápida troca de olhares se desafiaram e partiram para um ultimo golpe. Foi muito rápido, Houston apesar de ter sangue frio hesitou em atacar a garota inocente, o contrario de Satoshi que sem piscar com um único golpe de espada partiu Alva ao meio e feriu mortalmente o delegado. Houve alguns segundos de silencio enquanto uma lagrima corria no rosto de Alva rapidamente manchada de sangue que jorrava de seu corpo morto. O povo então tomado pela fúria avançou para atacar Satoshi, porém o corpo do delegado morto começou a flutuar e de dentro de um pingente que carregava surgiu a alma de um cavaleiro que voou para dentro do pingente de Satoshi. O povo então parou e com medo de ele ser realmente um demônio e recuaram, ele então aproveitou a chance e fugiu da melhor forma que conseguiu dali.

Ele agora viaja sozinho tentando entender o por que de tudo aquilo estar acontecendo e quem ele foi antes daquilo. De quando em quando se lembra de Alva e da forma que a matou, mas não fica triste e inconsolável, fez aquilo pela própria sobrevivência.Criou uma frase que iria se tornar seu lema para toda a vida: “O mais forte supera o mais fraco, ao fraco sobra apenas o papel de ser esmagado.”