quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã. - CAPT. IX



"Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã." É um conto seriado de JP, publicado todas as quintas-ferias aqui no Blog Contos Infindáveis. Perdeu o início? SIGA AQUI!

Uma dose de Uísque

Depois de cerca de 50 minutos de viajem, a carroça para. Kisum desce e manda que Johnnie faça o mesmo, ela o ajuda e disse pra ele esperar ali enquanto ela ia ver se Abayomi realmente estava ali. Antes dela se embrenhar no meio do mato ele fez uma pergunta:
- Como você sabe que ela ta aqui?
- Kisum sabe por que aqui era nossa casa. -, dito isso a velha entrou no meio do mato, 10 minutos depois ela voltou e disse:
- Vem pistoleiro, Abayomi ta aqui, ela quer lhe ver pela ultima vez.
- Ultima vez? O que você quer dizer com isso velha? -, perguntou inutilmente Johnnie, já que Kisum não respondeu somente as costas a ele, ele não perguntou mais nada. Depois de quatro ou cinco minutos, eles chegaram ao que parecia uma gruta, na frente da gruta tinha uma fogueira. Deitada sob um coberto ensanguentado estava Abayomi, Johnnie quando a viu ferida correu até ela, ele já nem sentia mais as dores de seus ferimentos na perna, ele só queria o que havia acontecido a ela. Ela que estava dormindo acordou com o barulho feito por eles quando chegaram, e disse:
- A John, você veio... Eu queria tanto lhe agradecer, e te dizer que te amo... - disse Abayomi com uma voz fraca porém serena.
- Agradecer? Mais agradecer pelo o que? – perguntou ele
- Abayomi é minha irmã mais velha, e ela estava sofrendo há muitos anos... Mas graças você... O que você fez hoje, ela foi liberta da maldição. – contou a velha Kisum.
- Meu amor, você tem que entender que coisas estranhas me cercam, e que o mundo é mais do que você pode enxergar há... Enfim... A nossa historia começa a mais de 50 anos, quando a cidade ainda não existia aqui, eu e minha irmãzinha – nesse momento Abayomi parou para recuperar fôlego, e continuo – eu e Kisum vivíamos aqui Éramos sós nós duas. Nossos pais morreram quando Kisum era muito pequena por isso eu cuidava dela. A nossa vida era tranqüila. Eu dedicava os meus dias ao trabalho na terra, e ao culto da deusa das florestas. Ela não nos deixava faltar nada, porém um dia nossa paz foi interrompida – Abayomi parou novamente para juntar forças – Um grupo de colonos veio pra cá, eles primeiro disseram que não iriam interferir com nossas vidas, mais eles passaram a cerca minha irmãzinha que tinha apenas quatorze anos, John ela era uma criança... E... Eles a estupraram... – Abayomi e Kisum choravam, frente a lembranças tão tristes - Eu fiquei cheia de ódio e sede de vingança, e eu acabei fazer algo que eu não me arrependo, porém também não me orgulho. Eu invoquei os espíritos da floresta e fiz um pacto, selado com sangue... Eles me deram o seu poder, o poder para conseguir me vingar, mas esse poder não é algo que você possa pegar e depois devolve, é sem volta, eu me tornaria para sempre meio mulher, meio besta, até o fim de meus tempos aqui na terra...
- Essa história, ela é tão inacreditável... E tudo isso parece loucura, por que o que você ta me querendo dizer é que você era aquela besta... Eu não sei se acredito.
Abayomi deu um leve sorriso, e disse calmamente enquanto levantava o coberto:
- Olhe por si mesmo então meu amado. – O que Johnnie viu o deixou perturbado. Da altura do busto para baixo ela ainda mantinha a sua forma bestial. Os olhos de Johnnie se encheram de lagrimas e ele começou a pedir perdão a ela por ter atirado nela.
- Não meu lindo, não se sinta culpado você me deu a liberdade... Eu somente poderia morrer pelas mãos do homem que me possuísse, em corpo e em pensamento... Desde o primeiro dia que te vi, eu me apaixonei por você... Eu soube que eu tinha sido predestinada pelos deuses... A ser sua... – disse em meio a lagrimas a infeliz mulher-besta.
Naquela noite ele permaneceu ao lado dela ate seu ultimo suspiro, e com um beijo e seus lábios se despediu daquela mulher que tanto o amou.
Quando ela morreu Johnnie pegou uma pá que havia na carroça e cavou uma cova para enterrar Abayomi, que a essa altura já havia se transfigurado por completo em sua forma humana. Ele também pediu a Kisum que fosse a fazenda e pegasse tudo que era dele e devolvesse o adiantamento que ele havia recebido do Sr. Marshal, ficando apenas com a quantia equivalente a seus dias de serviço. Ele não conseguiria ficar ali depois de tudo que havia acontecido. Uma batalha muito difícil chegava, e ele só queria uma boa garrafa de Uísque pra poder esquece da dor da perda daquilo que ele teve por tão pouco tempo, tão pouco tempo que ele nem teve tempo de amar enquanto teve.

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