quinta-feira, 4 de março de 2010

Johnnie Walker: Sangue, Balas e Uísque. - CAPT. X



La casa de Procrusto


"Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã." É um conto seriado de JP, publicado mensalmente aqui no Blog Contos Infindáveis. Perdeu o início? SIGA AQUI!


A noite se aproxima. Encima de seu cavalo um forasteiro viaja em direção do horizonte. Perdido e sem rumo ele vaga, ele só quer uma coisa: Uma boa noite de descanso. A noite cai e ele finalmente avista um casebre não muito distante de onde ele estava. Depois de alguns minutos ele chega ao casebre, que se revela sendo na verdade uma pequena hospedaria. A hospedaria era simples devia ter no máximo quatro. Havia na sua fachada uma placa dizendo: “Sejam bem vindos à hospedaria, La casa de Procrusto”.
O forasteiro entrou por um pequeno portão de madeira, atravessou um caminho feito de pedras e finalmente chegou á porta da hospedaria onde bateu três vezes na porta.
O forasteiro era um homem calejado na vida, e por isso havia se tornado muito desconfiado de tudo. Por debaixo de seu velho poncho cinzento ele mantinha seu revolver pronto para ser usado. Depois de alguns instantes ele ouve passos dentro da casa e depois ouve o barulho das fechaduras sendo abertas. Quando a porta se abre um velho homem de origem mexicana abre a porta. Ele vestia roupas tão velhas, surradas e encardidas que quase não se percebia que eram brancas. Ele tinha um rosto redondo cheio de marcas de expressão, e um olhar cansado:
- Hola señor, cómo puedo ayudarle?
- Eu quero um quarto, e algo pra comer. – respondeu o forasteiro.
- Sim, sim. Que maravilha, á tempos que não temos hóspedes aqui, entre meu senhor. Deixe que eu o ajude com suas coisas meu senhor. – disse o dono da hopedaria, enquanto pegava as coisas de Johnnie que estavam sobre seu cavalo.
- Onde posso deixa-lo? – perguntou Johnnie apontando para o seu cavalo.
- Eu o levarei para o estábulo.
Dentro da hospedaria o forasteiro viu uma pequena sala de estar com um sofá de madeira, duas poltronas velhas e uma mesinha de centro de madeira, meio apodrecida. O local era cheio de mofo e de teias de aranha. “Pelo menos não deve ser cara a estadia...” pensou ele. O senhor mexicano se dirigiu pra trás de um balcão e fazia sinais para que o seguisse. Então ele disse:
- Todos os quartos estão vagos... Então eu vou lhe dar o nosso melhor quarto, ele tem uma janela que da pros fundos do terreno, o senhor vai adorar. Você só tem que me dizer o seu nome pra eu colocar aqui no livro de registro.Mais então meu senhor qual o seu nome mesmo?
- Walker, John.
- Hum... Prontinho senhor. Tome a sua chave, agora assine aqui por gentileza.
O velho pegou as coisas de Johnnie e guiou até o quarto. Depois saiu dizendo que ia pegar algo pra que ele pudesse comer. Ele entrou no quarto, colocou suas coisas sobre uma cômoda que ficava no canto do quarto, e se deitou na cama. Após alguns minutos alguém bate na porta.
- Sou eu Procrusto, eu trouxe seu jantar, senhor. - disse o dono da hospedagem.
Johnnie abriu a porta e pegou a bandeija. Devorou a comida em poucos minutos, depois trancou a porta do quarto, deitou na cama e acabou pegando no sono.
- Acorda! Ei moço, vamos brincar. Acorda! – dizia um menininho, enquanto sacudia a Johnnie.
- Hey, quem é você rapazinho? Como você conseguiu entrar aqui? – perguntou o ainda sonolento Johnnie.
- A porta tava aberta – disse apontando para a porta, que realmente estava aberta para espanto de pistolerio, que se perguntou:
- Como é possivel, eu tranquei essa porta?
Ele se sentou na cama, e passou as mãos no rosto para dispertar. Quando ele olhou novamente para o quarto, o mesmo se encontrava vazio. O menino havia sumido sem deixar rastros, a porta estava novamente fechada, assim como ele a tinha deixado antes de dormir. Ele ficou algum tempo acordado tentando entender o que havia acontecido, até que se convenceu de que devia ter sido um sonho, e acabou pegando no sono novamente.
Na manhã seguinte Johnnie se levantou cedo, havia dormido mal, porém tinha que seguir viajem. Ele arrumou todas as suas coisas, e foi para a recepção da hospedaria. Procrusto estava sentando lendo um velho livro, e tomando uma xícara de café, quando Johnnie entrou na sala, o dono da hospedaria levantou-se e foi falar com ele:
- Dormiu bem Sr, Walker?
- Sim... Me diga, por acaso você não tem um filho, ou sobrinho que more aqui com você? – indagou Johnnie
- A não meu senhor, o destino não quis me dar essa felicidade... a minha falecida esposa não me deu filhos – respondeu Procrusto
- Me desculpe, eu não...
- Ah, não tem problema, eu gosto de lembrar-me dela. – interrompeu Procrusto. - Mas porque a pergunta?
- Ahm, não é nada. Só tive um sonho estranho, nada serio. – respondeu Johnnie.
- Mas então, o senhor vai tomar café da manhã? – perguntou Procrusto.
- Sim, e logo depois eu vou partir.
Ele e o dono da pousada tomaram café juntos na sala. Johnnie ficou a maior parte do tempo calado, as vezes o dono da pousada comentava uma ou outra coisa sobre o livro que lia, A lenda de Perseu, segundo ele contava a história do filho de um deus, que havia enfrentando bestas, demônios e gigantes. Enquanto discursava sobre a importancia dos livros a um homem, Procrusto também comentou um pouco sobre sua vida:
- Minha época de universidade foi mágica, lá conheci as mentes mais brilhantes e as coisas mais espetaculares. Lá foi também o lugar onde conheci minha esposa.
- Hum, eu não tenho hábitos de leitura, na verdade nem cheguei a terminar os estudos. – respondeu Johnnie
- Ham, mas a vida de um viajante como você também é cheia de magia.
Depois de tomar café da manhã Johnnie foi ao estábulo, onde o seu cavalo estava. Procrusto resolveu acompanha-lo, quando estava se aproximando do estábulo Johnnie viu o mesmo menino da noite anterior sair correndo, rindo de dentro do estábulo. Ele tentou alcança-lo só que o garoto era bastante rápido, e quando ele passou por uma árvore seca, que tinha no quintal, ele acabou desaparecendo misteriosamente denovo. Quando ele voltou ao estábulo viu Procrusto parado enfrente ao estábulo. Procrusto apartava o seu velho chapéu junto ao peito, sua expressão era de espanto. Johnnie se aproximou dele e perguntou:
- O que houve velho?
- Dios myo! Não venha até aqui Sr. – respondeu ele.
Contrariando os conselhos do velho homem, ele entrou no estábulo. Lá viu o seu cavalo morto. O animal havia sido decapitado, do seu lado tinha uma foice ensanguentada, havia sangue por toda a parte
- Como aquele maldito moleque foi capaz de fazer isso?! –gritou Johnnie
- Que niño senhor? Não vi nenhum!
- Oras que menino?! È aquele que eu acabei de perseguir, aqueles vimos saindo da qui de dentro correndo!
- Desculpe senhor, mas não vi menino nenhum, só vi o senhor correndo igual a um louco. – disse Procrusto, que continuou. – provavelmente isso foi uma brincadiera muito sem graça de algum vizinho, ou andarilho.
- Maldição! – exclamou o furioso John, que acertou um murro numa coluna de madeira.
Ele também teve outra surpresa, numa meia-parede de madeira, desenhado com sangue, uma gravura estranha. Uma fita entrelaçada. Ele não compreendeu oque significava aquilo.
Johnnie e Procrusto limparam o local, e depois incineraram o corpo do animal morto. Mais tarde enquanto almoçavam, Procrusto disse a Johnnie que se sentia culpado por aquilo, já que o ocorrido se sucedeu em sua hospedagem, e ele não iria cobrar a estadia dele ali até o dia em que a diligência passasse, o que deveria acontecer em dois ou três dias. O resto do dia passou de forma comum, depois de passar a tarde ajudando a Procrusto a cortar lenha, Johnnie tomou um banho, jantou e foi se deitar cedo.
Já de madrugada ele acordou com um barulho, era o misterioso garoto de outrora, que batia á sua janela. Ele já começava acreditar que o menino era apenas fruto de sua imaginação, porém, mesmo assim ele não poderia ignora-lo.
Johnnie se levantou da sua cama, pegou suas duas colt Dragoon encima de uma pequena estante que ficava do lado da cama. Ele já estava convencido de que se aquele garoto era de fato real, então ele era muito perigoso, talvez fosse o próprio filho do demônio. Ele se aproximou da janela com uma arma em punho, e a abriu, nesse instate o garoto saiu correndo, Johnnie soltou um praguejo: “Filho da puta!” , e pulou a janela para seguí-lo. O garoto correu envolta da casa, e o pistoleiro o seguiu, até que chegaram a um alçapão que ficava na lateral da casa, o alçapão era uma entrada que provavelmente dava acesso a um porão. As portas do alçapão tinham correntes enormes lacrando-as. O garoto estava parado, sentado ao lado dele. Quando Johnnie chegou lá percebeu que o menino chorava.
- Ei seu diabinho porque você fez aquilo a meu cavalo? – perguntou ele.
O garoto continuou chorando sem falar nada. Johnnie então se aproximou dele passou a mão na cabeça do garoto e perguntou:
- O que há com você filho? – Johnnie fazia isso sentido um frio na espinha, ele sabia que tudo isso era muito estranho. Esse garoto sumindo e aparecendo do nada concerteza não era algo desse mundo, pensava ele. Mas ele não sabia como agir, ele se sentia muito confuso, afinal era apenas um meninho chorando á sua frente. Ele se abaixou, afastou as mãos do rosto do garoto. Quando fez isso ele levou um susto o rosto do menino estava todo queimado e deformado, no lugar do olho direito havia apenas um buraco. O garoto pulou sobre Johnnie que caiu, o menino arranhava ele todo. O pitoleiro descarregou seu revolver no menino que parecia não sentir os tiros. O pequeno demônio arranhava e asfixiava Johnnie que lutava inutilmente contra ele. O tormento dele só acabou quando ele sentiu uma mão lhe sacudir o ombro, era o dono da hospedagem que dizia:
- Meu senhor, meu senhor oque houve?
- Ham, meu deus – disse ele ofegante. – o garoto, o maldito garoto virou um demônio e me atacou.
- Senhor não vi nenhum garoto! Você deve ter sonhado, venha comigo, vou lhe preparar um pouco de café forte.
- Eu quero é uma garrafa de uísque!
- Não meu senhor, você não vai beber mais hoje, pelo jeito você já bebeu até demais. – disse Procrusto.
Depois de algum tempo enquanto passava o café, Procrsuto fez algumas perguntas sobre o suposto espírito que atacara á Johnnie. Ele disse que iria esperar o café em seu quarto, segundo ele, estava cansado confuso e queria descansar um pouco. Quando ia para seu quarto Johnnie passou pela mesma estante de livros que ele passou outras três ou quatro vezes sempre que ia para o quarto, só que dessa vez ele percebeu algo diferente. Um dos muitos livros velhos e surrados, tinha um símbolo empresso na lombada. O símbolo era aquela fíta entrelaçada, que o menino provavelmente desenhou com o sangue do cavalo, no estábulo. Ele pegou o livro e o folheou-o. Ele estava escrito numa língua que ele desconhecia. O livro tinha gravuras estranhas. Imagens de sacrfícios, rituais bizarros, entre outras coisas medonhas Ele então pegou outros livros da estantes e práticamente todos estavam escritos numa língua desconhecida e tinham figuras medonhas, eram demônios, bestas, imagens que representavam estupros. Ele estava tão conentrado nos livros que nem percebeu a aproximação de alguém que disse:
-O que você está fazendo? – disse Procrusto, com um tom de reprovação na voz. Johnnie levou um susto e virou-se e respondeu:
- Há nada! É que eu passava por aqui e resolvi tomar a liberdade pegar um livro emprestado pra ler, você se importa?
- Claro que não, mas esse livros não são os mais adequados, são livros didáticos que eu usava na minha época de “homem da ciência” - disse forçando um risinho falso – mais se você quiser eu posso lhe emprestá esse aqui. È um otimo livro de poesias, certamente irá adora-lo.
- A se você diz então eu o lerei! – disse Johnnie enquanto deixava o livro que tinha em mãos na estante e pegava o livro de poesias que Procrusto lhe indicou. Quando ele ia embora para o seu quarto, com o livro e a xícara de café, o velho comentou:
- Sabe meu senhor. Interessante esse seu interesse repentino por livros, ontem mesmo você disse que não cultiva o hábito de leitura.
- É... nunca é tarde pra começar a fazer coisas boas não é mesmo? Respondeu Johnnie com uma certa ironia. – Se o senhor não importa eu vou para o meu quarto.
- Senhor mais uma coisa!
- Sim diga. – respondeu o pistoleiro
- Não vai mais acorda pra perseguir meninos imaginários hoje, certo? – disse sorrindo Procrusto.
- Há-há-há... Pode se certificar que hoje só irei dormir! – respondeu ele bem humorado.
Apesar do clima “diplomático”, tanto Johnnie, quanto Procrusto não conseguiram esconder suas desconfianças

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