quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã. - CAPT. VIII





"Johnnie Walker, O pistoleiro de Satã." É um conto seriado de JP, publicado todas as quintas-ferias aqui no Blog Contos Infindáveis. Perdeu o início? SIGA AQUI!

A visita inesperada


Johnnie ficou paralisado por alguns instantes. Novamente estava ele, frente-a-frente com aquela criatura sedenta de sangue. Somente com olhar ela era capaz de fazer o mais valente dos homens apavorar-se. Os segundos que Johnnie ficou sem ação se arrastaram como se fossem uma eternidade, até que ele conseguiu recobrar a consciência e sacando suas duas recém adquiridas colt Dragoons, disparou contra a besta, mas dessa vez, os tiros atingiram e feriram a besta que caiu no chão indefesa. Johnnie havia acertado dois tiros no abdómen da criatura e três no peito dela. Ela jazia agonizando no chão.
Ele havia esperado por muito tempo por aquilo, ele iria finalmente matar aquela besta, isso o excitava muito. Ele sentia um poder enorme em suas mãos. Não era como assassinar homens comuns, dessa vez tinha algo a mais, e isso fazia Johnnie se sentir estranho, como se uma implacável sede por sangue quisesse dominá-lo.
Ele encara mais uma vez a besta. Percorre seu bizarro corpo com os olhos. Quando encara os olhos dela, ele sente como se ela fosse indefesa. Suas mãos começaram a suar, suas pernas tremiam. Ele sentia compaixão pela criatura. Ele não podia explicar porque ele não era capaz de eliminá-la. Era como tivesse por alguns segundos entrado em sintonia com ela, sentido o que ela tinha sentido, vivido o que ela vivia, visto o que ela via. Por isso não podia puxar o gatilho.
Johnnie passou a mão na testa suada, olhou novamente para os olhos da besta, que por algum motivo que ele desconhecia, permanecia ali, imóvel no chão, como se pedindo por clemência. Ele engatilhou sua arma. Quando finalmente toma coragem pra dar o golpe de misericórdia nela, Johnnie escuta uma gritaria. Eram os outros trabalhadores da fazenda. Eles vinham com lamparinas e rifles.
Alguns imaginavam que era um possível ataque dos capangas do prefeito Josch Phineas, outros nem ao menos sabiam o que faziam ali, foram acordados pelo capataz da fazenda, no meio da noite, avisando do tiroteio.
Johnnie se distraiu com a agitação. Esse momentâneo descuido dele foi a deixa para que a besta fugisse. Ele ainda deu alguns tiros em direção a escuridão da noite, mais de nada servirão. Logo em seguida chegaram os seus companheiros. Eles perguntavam a ele muitas coisas, como: “que tiroteio foi esse?”, ou “o que porra é esse corpo todo destroçado aqui?”.
Mesmo com tantas perguntas, sendo lhe sendo feitas, ele não conseguia irar seu foco de algo: “Por que ele não conseguiu dar cabo de vez da vida daquela besta? Por que ele hesitou pela primeira vez justamente contra ela?”. Essas e outras perguntas não lhe saiam da cabeça. Ele se sentou num canto escuro longe do tumulto, seu ferimento na perna voltara doer muito, provavelmente seus pontos abriram.
Ele guardou suas armas nos coldres, e se preparou para levantar e ir procurar auxílio, quando uma mãozinha frágil e enrugada segurou em seu ombro. Era uma velha índia, que ele já havia visto outras vezes ali na fazenda, e ele sabia que ela era parente de Abayomi, só não sabia ao certo qual o grau de parentesco.
A velha dizia a ele coisas que ele não conseguia entender, ela falava um dialeto que ele podia identificar como provavelmente sendo indígena, porém ele não compreendia nada. Até que ela fala em sua língua:
- Vem com Kisum, vem...
- Pra onde a senhora quer me levar?
- Num faz pergunta agora, e vem logo “com eu” – respondeu a velha, com um sotaque carregado.
Ela o pegou pelo braço e o arrastou até uma velha cabana que ficava um pouco afastado dali. No meio do trajeto um grupo de homens tentou interceptá-los, com a intenção de conseguir respostas com Johnnie sobre os acontecidos. Mas a velha Kisum, conseguia espantá-los, dizendo: “Sai daqui, deixa Kisum cuidar dele primeiro, num vê que ele ta ruim, depois você enche ele com pergunta”.
A verdade é que todos na fazenda, e até mesmo alguns fora dela tinham um pouco de medo da velha, que acreditavam ser uma feiticeira ou algo do gênero, e não queriam enfrenta a fúria dela, por isso eles resolveram não contrariá-la. Johnnie é claro não acreditava nisso.
Quando estavam se aproximando da cabana, Johnnie percebe que a velha não o estava levando para lá. Ela havia mudado de rumo, agora ela ia em direção a uma carroça que estava ao lado da cabana. Ela o ajudou a se acomodar, subiu na carroça e tomou os arreios. Johnnie que se manteve calado finalmente falou:
- Para onde você está me levando velha Kisum?
- Eu vou te levar até Abayomi, você não é namorado dela? – ele balançou a cabeça positivamente e perguntou:
- Onde ela está? E porque você ta me levando até ela?
- Eu não sei onde Abayomi ta, mais eu imagino onde pode ta, e eu vou te levar lá pra ela pode te agradecer.
Johnnie não havia entendido o que Kisum disse, porém achou melhor esperar para ver, pois certamente qualquer resposta que ela lhe desse iria deixá-lo mais confuso ainda

Nenhum comentário:

Postar um comentário