sábado, 19 de dezembro de 2009

Conto: MIl faces


Mil Faces

"MIl faces." É um conto seriado de Marcos "Gelinho", publicado semanalmente aqui no Blog Contos Infindáveis.


Capitulo I – O Despertar

Era uma noite muito fria, e Satoshi dormia confortavelmente em sua luxuosa cama. Essa era posicionada de frente para a janela que dava para o imenso jardim de sua família. Enquanto estava ali deitado esperando pela visita de Hipnos, repassava o que aprendeu durante o dia em suas aulas e lembravasse de certas coisas no passado que havia gostado muito. Fechou os olhos e lembrou-se da vez que com apenas 15 anos fez parte do grupo de infiltração de seu pai no reino inimigo e como ajudou no assassinato do rei opositor a seu pai. Mas ao abrir novamente os olhos, viu na sacada de seu quarto, cinco seres de forma humanóide e portando armas rústicas. A principio se assustou mas, lembrou-se das aulas de criaturas das trevas e que aqueles vultos que via eram sem dúvida goblins da floresta. Não se espantou, lembrava-se de seu professor de infiltração, escorregou vagarosamente para fora da cama e evitando a luz da lua pegou seu pequeno aljave de facas e se empoleirou em uma poltrona alta encostada na parede da varanda. Os goblins então arrombaram a porta de vidro e quando o primeiro passou metade do corpo para espiar, foi recebido com uma adaga em seu olho direito, com o susto e a dor se jogou para trás caindo da sacada e derrubando outro goblin que estava atrás dele. Pôde ser ouvido o som dos ossos se partindo quando encontraram o chão. Pensava se deveria mudar de lugar, já que agora eles tinham idéia de onde ele estava. Não teve tempo de pensar, os outros três goblins entravam enfurecidos no quarto e fixaram seus olhos vermelhos em um elfo em cima da poltrona. Ele então usou o pesado móvel como base e se lançou para frente, arremessando uma adaga em cada goblin das extremidades e enterrou mais duas adagas no pescoço do aparente líder. Recuperou suas adagas e preocupado que não apenas seu quarto, mas toda a mansão estivesse sendo invadida vagarosamente se aproximou da porta que dava para o corredor e imaginando as mais terríveis cenas de horror e morte que poderia presenciar abriu a porta com certa excitação, porém não havia nada, apenas ouvia ao fundo roncos e o ranger das camas das pessoas que se viravam preguiçosamente. Respirou fundo e relaxou. Olhou para trás de relance os corpos dos invasores estirados em poças de sangue. Mas havia algo diferente no cenário que havia montado momentos atrás, ele então percebeu um homem de pé na sacada, trajava um longo sobretudo preto surrado e um capuz cobria parte de seu rosto marcado.
- Tão jovem e tão habilidoso, entendo por que foi escolhido... - dizia o homem encapuzado com um leve sorriso no rosto. -
Satoshi sem se assustar caminhou calmamente e encostando-se em sua cama perguntou:
- O senhor é o responsável por isso? E se é, presumo não ter vindo por questões materiais, visto que meu quarto é o menos ornamentado e aparentemente foi o único atacado, então qual seu interesse nesse quarto ou em mim? - Satoshi passava uma calma fora do normal apesar dos acontecimentos recentes. -
- De fato não vim pelas riquezas, vim por você, para evitar que venha a ser quem será no futuro.
- E quem serei? Se me permite perguntar.
- Não me interesso em contar sobre sua vida, me interesso no rumo que ela vai tomar.
Ao dizer essa frase Satoshi percebeu um sentimento estranho, como se ele conhecesse aquele homem há anos. A figura misteriosa ainda continuava a falar, mas sua voz ficava distante enquanto Satoshi se perdia em suas memórias passadas. Havia símbolos e escritos que ele não conseguia entender. Forçou a mente... Forçou, até que se lembrou, aquele era o que seu pai chamou de Salão das Mil almas, um local que era acessível por uma passagem esquecida em uma área afastada da mansão em que tinha entrado enquanto brincava ainda jovem. Quando abriu os olhos e repetiu sussurrando “Salão das Mil Almas” o estranho homem moveu-se rapidamente para frente de Satoshi empunhando uma belíssima espada apontada para ele e antes que pudesse ao menos pensar em algo sentiu o frio metal penetrar seu peito, sua visão se tornou turva e a voz do homem distante, conseguiu apenas ouvi-lo dizer “Você não conseguirá me vencer dessa vez” . Ele retirou vagarosamente a espada de dentro do corpo morto e com um rápido golpe retirou todo o sangue que havia nela.

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